domingo, 13 de setembro de 2009

ADMINISTRAÇÃO & REFLEXÃO


CENÁRIO E ATOR

Esta metáfora do Cenário e Ator, de Luigi Pirandello, vem de encontro com o momento que estamos vivendo, onde devemos deixar para trás o cenário de atual e vivermos o novo cenário que está vislumbrando ...
Vamos refletir como deveríamos agir se fossemos o ator desta peça, deveríamos continuar recitando, pedir silêncio à platéia ou adaptarmos nossa fala ao cenário.




O que você faria ????


Era uma noite toda particular. O teatro iluminado no seu frontispício criava um clima natalino. No seu interior, lustres enormes refletiam a alegria de tanta gente sentada.

Aos poucos, as luzes foram se apagando e com elas também o murmúrio das pessoas. Holofotes ganharam vida e lentamente as cortinas foram se abrindo, deixando que a curiosidade finalmente fosse saciada.

Na penumbra do palco, uma tênue luz fazia entrever ao fundo uma linda paisagem: nas encostas escabrosas de um rochedo se erguia uma rude, mas solene e sólida construção de um castelo medieval com altas torres que tocavam o céu.

No canto do palco, em pé, em posição lateral olhando para uma das sacadas do castelo e para platéia um jovem cavaleiro, com trajes nobres e o rosto ousado começa a declamar seus versos, solene e fortemente:

"
Em verdade reprimamos
Esta cruel condição
Esta fúria, esta ambição
Se alguma vez sonhamos,
E aprendemos, por estarmos
Num mundo tão singular,
Que viver é sonhar"

Nesse ponto, e sem aviso prévio, o cenário do fundo é recoberto com um novo cenário: um burgo, com suas ruelas estreitas, pessoas se aglomerando e se misturando numa feira com animais se enterrando na lama e no esterco.

Nosso ator, sem dar conta da mudança de cenário, continua seus versos, enquanto no auditório se propagam a surpresa e o desconcerto:

"Sonha o rei, e vive
Com este engano mandando,
Ordenando e governando;
E esse aplauso que recebe
Roubado ao vento, escreve"

Novamente o cenário é alterado. Uma cidade moderna aparece, com arranha-céus, ruas movimentadas, carros passando em alta velocidade, muitos ruídos. E o ator continua impávido, mesmo quando algumas risadas começaram serem esboçadas aqui e ali no meio da platéia.

"Sonha o rico em sua riqueza
Que o conforto lhe oferece
Sonha o pobre que padece
Com sua miséria e pobreza."

Sem incomodar nosso ator, dois funcionários do teatro, vestidos de macacão, entram em cena e colocam em cada canto do palco um manequim vestido de mini saia de couro preto e cabelos pintados de laranja e vermelho, sentado à frente de um computador. A platéia desanda em risos.

O ator desconcertado vai abaixando seu tom de voz, perdendo a convicção, pois se dera conta de que o cenário mudara, mas sobre tudo pelas risadas incontidas, irrefreáveis da platéia.

"Sonha o que está crescendo
Sonha o que luta e pretende
Sonha quem insulta e ofende
E no mundo, em confusão,
Todos sonham o que são
Mesmo ninguém o entendendo"

Nesse ponto o ator emudece, pois os mesmos funcionários vestidos de macacão haviam entrado novamente no palco e colocaram um vaso sanitário ao lado de cada manequim.....

As perspectivas para o do futuro são diferentes do passado, e o que você fará diante disso?

Já pensou, quantas vezes as nossas ações não tem nada haver com o momento (cenário) que vivemos?

Um forte abraço,


Osmar Guimarães Teixeira Jr.

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